sao-juan-diego

Em 1998 foi criada uma Comissão Histórica para analisar as provas da existência de Juan Diego, que foram decisivas no processo de canonização do beato índio, pela Congregação Vaticana para as Causas dos Santos. Fidel Gonzalez Fernandez foi nomeado presidente da Comissão.

Professor de história Eclesiástica nas Universidades Pontifícias Urbaniana e Gregoriana, Fidel Gonzalez Fernandez é reconhecido como um dos maiores especialistas do assunto. A Comissão contou com a cooperação de uns 30 investigadores de diversas nacionalidades que ofereceram uma contribuição decisiva não só para justificar a historicidade de Juan Diego, mas também para aportar uma nova luz para a historia do México. Foram apresentados 27 documentos ou testemunhos indígenas guadalupanos e 8 de origem mista indo-espanhol. Entre todos eles, destaca o “El Nican Mopohua” e o chamado Códice “Escalada”.

“El Nican Mopohua”, do escritor índio Antonio Valeriano, constitui um testemunho privilegiado do processo de transculturação do cristianismo da Nova Espanha. Cada palavra tem seu significado dentro da filosofia e mitologia “nahuas” (náhuatl era o dialeto da época, composto de escrita e símbolos) assim como cristãs respectivamente. Seu autor, um indígena de raça “tecpaneca” pura, foi testemunha, pois viveu entre 1520 e 1606. Os historiadores afirmam que era sobrinho do imperador Montezuma. Aos treze anos, -1533, testemunha do impressionante trabalho que realizarão os missioneiros -, entrou para estudar no Colégio de San Cruz de Tlatelolco, fundado pelo bispo Juan de Zumárraga. Foi, um dos primeiros índios a falar latim e governador de Azcapotzalco durante 35 anos. Tinha 11 anos em 1531, ano das aparições, e 28 em 1548, quando morreu Juan Diego.

O Códice “Escalada”. Assinado pelo índio Antonio Valeriano e o espanhol Frei Bernardino de Sahagún, recém descoberto, constitui um testemunho direto da historicidade de Juan Diego, pois contam uma espécie de “ata de falecimento” do indígena.

Além dos Códices existe ainda a tradição oral, fonte decisiva para estudar os povos mexicanos, cuja cultura era principalmente oral. Esta tradição nesses casos costuma obedecer regras bem precisas e no caso de Guadalupe, sempre confirma a figura histórica e espiritual de Juan Diego.

A historicidade do beato ficou tão fundamentada que o presidente da Comissão pela Congregação Romana para as Causas dos Santos, Fidel Gonzalez, está estudando as origens sociais de Juan Diego.

Outros documentos relevantes que comprovam a veracidade de sua existência:

01. O testemunho de Juana Martín datado de 11 de março de 1559, vizinha de Juan Diego. O original em náhuatl está guardado até hoje na Catedral de Puebla, que fica 200KM do local das aparições.

02. O texto “El Inin Huey Tlamahuizoltin”, escrito em náhuatl, composto em 1580, pelo Padre Juan González, intérprete do Bispo Zumárraga que coincide com o Códice “Nican Mopohua”.

03. O “El Nican Motecpana”, também escrito em náhuatl em 1600, por Fernando de Alba Ixtlilxóchitl (1570-1649), bisneto do último imperador “chichimeca” (grupo indígena de Juan Diego, próximo ao vale do Tepeyac) aluno do colégio de Santa Cruz, que foi governador de Texcoco, escritor e herdeiro dos papéis de Valeriano. Esse documento revela dados importantes da vida santa de Juan Diego, bem como alguns milagres da Virgem no templo que havia sido construído no local de suas aparições.

04. O testamento de Juan Diego, manuscrito do século XVI, conservado em um Convento Franciscano de “Cuautitlán” (atualmente é um bairro da cidade do México).

05. Acrescentamos a esses documentos, os documentos publicados por Don Miguel Sánchez – em 1648, Don Luis de Becerra Tanco – em 1675, pelo Padre Francisco de Florência – em 1688 e Don Carlos de Sigüenza e Góngora – em 1688; que contam as histórias das aparições e registram a existência do indígena.