A parteira, como era de costume, recebia a criança com muito amor e cuidado cerimoniais, para saudar a criança e entregá-la a mãe. Recitava um discurso com tom de oração que selava a criança como um soldado, que deveria lutar contra seus inimigos e proteger sua família. Mas apesar das guerras contras os povos vizinhos, Juan Diego havia nascido em um povoado mais afastado, chamado “Cuautitlán’, uma região que se governava sozinha e que se dedicava ao cultivo da inteligência, do espírito e da paz.
O primeiro choro e o primeiro banho eram cheios de símbolos que representavam a purificação e eram acompanhados com doces orações para que a água levasse consigo todas as impurezas e conservasse seu coração sempre limpo e puro. Nada era realizado sem uma estrita relação com a Natureza, considerada manifestação do criador e doador da vida; tudo tinha um profundo sentido religioso pois isso dava sentido a própria existência.
Após os rituais do parto que enchiam de paz a família, parentes e amigos presenteavam o menino com uma jóia, um colar, pedras preciosas e uma pena rara.
Por último a criança era entregue ao pai, que seguindo o costume previa seu destino individual, através de um presságio tão racional e seguro como podem ser para nós, hoje, as interpretações científicas. O pai de Juan Diego pegou o menino nos braços e exclamou que teria “um futuro especial, afortunado, por haver nascido num dia bom”, “seria uma pedra preciosa e duradoura”. Verdadeiramente Juan Diego se tornou um homem cujas palavras não se perderam no decorrer dos séculos, um homem de um futuro muito especial.